terça-feira, 13 de julho de 2010

A poesia é uma loucura lúcida


13/07/10

Por Carolina Nunes

Como escrever um texto sobre poesia, sem ser um poeta? Como explicar essa arte de expressar o que se sente, com a alma e o coração? Como já dizia Cora Coralina: “Poeta, não é somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima, à autenticidade de um verso”. Diante de tal afirmação, podemos prosseguir o texto, mas não sem antes perceber que: “A diferença entre um poeta e um louco é que o poeta sabe que é louco... Porque a poesia é uma loucura lúcida”, segundo Mário Quintana.

Loucos, mas felizes. De acordo com a poetisa e atriz Elisa Lucinda “o poema pode ser extremamente agradável aos ouvidos e à alma”. Acreditando nisso e no potencial da poesia como ferramenta de ensino, professores fazem trabalhos excepcionais com seus alunos, em sala de aula.

Prova disso é o trabalho desenvolvido pela professora de língua portuguesa do C.E. André Maurois, no Leblon, Cintia Barreto. Ela acredita que a escrita criativa deve fazer parte do currículo do Ensino Médio. “Um profissional criativo é valorizado no mercado de trabalho independente de sua área de atuação. As atividades com a poesia sempre geram bons resultados, pois os alunos adquirem conhecimento sobre a língua portuguesa, a literatura, a compreensão e elaboração de textos de forma prazerosa e se tornam pessoas mais sensíveis, críticas, autônomas. A poesia nos ajuda a compreender melhor o mundo em que vivemos e nos torna pessoas mais humanas”, disse.

E como incentivar os alunos a fazerem parte deste universo de verso e prosa? Segundo o poeta Ferreira Gullar, é preciso oferecer poesia desde a infância, além de outros livros, que tornem a leitura mais agradável e a transforme num hábito. “Quando era novo, não tive ninguém para me orientar, foi algo natural, acho que nasci com isso. Mas, sem dúvida, podemos criar grandes apreciadores de poesia. Seria maravilhoso mostrar para as crianças que ela tem um significado”, afirmou.

Gullar escreveu dois livros dedicados ao público infantil: "Dr. Urubu e Outras Fábulas" e "Um Gato Chamado Gatinho". O poeta não tem muitas obras destinadas a crianças, mas acredita que oferecer informação e conhecimento aos pequenos, na linguagem que eles conseguem compreender, é a alternativa para despertar o interesse pela leitura.

E, para isso, é fundamental ter um acervo de bons volumes em cada escola. O C.E. São Cristóvão possui uma sala de leitura e recicla seus volumes anualmente. A sala não precisa de nenhum luxo para existir, apenas de boas obras. E quando se fala em poesia, o incentivo dos professores é fundamental. “Os alunos começam a ler livros mais populares e gibis. Depois de inserido o hábito da leitura, nós os estimulamos a lerem poesia e outros títulos mais difíceis”, disse Ires Mary Stassen, professora responsável pela biblioteca da escola.

A poesia está nos provérbios, na natureza e nas palavras. Basta saber como encontrá-la.
Professora Cintia Barreto, do C.E. André Maurois

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